Brumadinho: sabores e saberes

A chef Carmelita Chaves assina a coluna "Fala, Carmelita!", onde através de crônicas, nos apresenta histórias e curiosidades sobre a vida em Brumadinho e região.

Dez 13, 2024 - 14:14
Dez 13, 2024 - 14:15
Brumadinho: sabores e saberes

“Vai, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho…
Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida fugaz…”
(Eclesiastes 9:7,9)

Com a colher de pau na mão, pensava no meu dia a dia. Mas, na verdade, o que tenho é uma vida-a-vida. E, neste momento da minha vida, eu tinha um motivo: a gastronomia. 

Atenta ao que estava preparando, fui envolvida pelo cheiro dos temperos. Comida de mineiro é assim: ela te conquista primeiro pelo cheiro, depois pelo sabor. 

Senti fome - algo raro quando estou cozinhando para agradar paladares tão exigentes como os dos nossos clientes, que vêm de longe para conhecer as maravilhas que só em Brumadinho andam de mãos dadas: a arte, o saber e o sabor. Aliás, em latim, o verbo sapere significa tanto “saber” quanto “ter sabor”.

Nossa, como estava gostosa aquela refeição feita fora do cardápio apenas para os colaboradores. 

Escrever, para mim, é um prazer, assim como comer e saber. Escrever sobre o tema que move a minha vida neste momento está sendo um desafio, pois há tanto a dizer sobre nossa gastronomia que terei que dividir o assunto em muitas outras crônicas.

Mas, só para dar um gostinho do que vem por aí, falaremos das opções que Brumadinho oferece aos seus moradores e visitantes. 

Aqui no município, temos estabelecimentos de todos os tipos, com uma enorme (e às vezes única) variedade de experiências gastronômicas. Vão desde os pratos típicos da culinária mineira até uma gastronomia contemporânea e sofisticada; da comida árabe, onde o pão é assado na frente do cliente, à criatividade culinária que mistura ingredientes do quintal e técnicas de cozinha molecular.

E o que dizer das cachaças, das rapaduras, dos quitutes feitos em forno e fogão a lenha. Hiiii, ainda há muito o que falar!

Quando fui elaborar o cardápio do Abóbora, confesso que fiquei em dúvida se deveria incluir uma iguaria da minha família.

Ela foi criada pela minha avó alemã, que chegou ao Brasil e se casou com um fazendeiro português.Ela não conhecia goiaba - fruta nativa daqui - e via muitos pés carregados na fazenda. Ao perceber os frutos maduros caindo no chão, não gostava de ver tanto desperdício.

Então, começou a experimentar: cozinhava a goiaba, coava, fazia doces, molhos… Dessas experiências surgiu o famoso molho de goiabada da vovó Dudu. Ela descobriu que ele combinava perfeitamente com carne de porco assada.

Acabei colocando o prato no cardápio do Abóbora, e foi um sucesso! Hoje é meu prato chef. Quando o lancei, fiz várias filmagens para programas de TV ensinando o passo a passo da receita da Costelinha Marinada na Goiabada.

Acredito que ainda esteja disponível na internet. Só para vocês terem ideia, este prato leva, no mínimo, 36 horas para ficar pronto!

Podem aguardar! Ainda há muitas histórias e receitas dos nossos colegas para compartilhar com vocês. Afinal, a gastronomia tem poder: traz saber e muito sabor.

* Carmelita Chaves é publicitária, escritora e restaurateur 

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