Brumadinho - Arqueologia
A chef Carmelita Chaves assina a coluna "Fala, Carmelita", onde através de crônicas, nos apresenta histórias e curiosidades sobre a vida em Brumadinho e região.

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em buscar novas paisagens, mas sim em ter novos olhos.”
Nietzsche
Muitas pessoas não sabem, mas Brumadinho possui uma rica herança arqueológica, incluindo pinturas rupestres.
Há alguns anos, vimos algumas dessas pinturas no paredão da Cachoeira das Pedras. Na Serra do Rola-Moça e na Serra da Calçada, há vestígios rupestres espalhados por toda a região.
No entanto, o mais significativo é o Sítio Arqueológico Cachoeira Seca, localizado em Piedade do Paraopeba. Nesse sítio, foram encontradas figuras em vermelho que representam peixes, animais quadrúpedes e formas geométricas.
Geralmente, sítios arqueológicos são protegidos para evitar vandalismo.
Todos os dias, geólogos e cientistas ao redor do mundo literalmente descobrem o passado – civilizações, uma mais antiga que a outra.
Quando nos deparamos com sinais de que já houve inúmeras civilizações no planeta, que foram substituídas por outras e mais outras, isso nos faz refletir.
Essa percepção nos traz a consciência de que as civilizações sempre passaram por processos de transformação.
A evolução é um ciclo ou um rito de passagem?
Penso que pode ser os dois. Você pode pensar que isso é parte natural da evolução, mas, para mim, a evolução apenas muda de modelo. Veja só:
vivemos numa época que acreditamos ser moderna e evoluída, mas estamos profundamente desnaturalizados.
Não vivemos de forma tão diferente de nossos ancestrais, ao menos em essência. Eles não moravam em casas luxuosas, com poltronas confortáveis e lareiras, ou vasos de flores decorando mesas e entradas. Caçavam para comer e para se vestirem.
Dormiam em cavernas, cercados de folhagens e campos floridos, com a fogueira no centro para aquecê-los. E nunca sonhavam em ser o CEO de uma grande tribo. Tinham suas desavenças, suas guerras, seus amores - assim como nós.
O que mudou?
Hoje, no “mundo moderno”, vivemos em uma selva de pedras. Não caçamos para sobreviver, mas nos matamos com excesso de trabalho, ansiedade e ambição. Nosso mundo consiste em bilhões de pessoas vivendo juntas em espaços apertados, mas em profunda solidão.
Seguir essa trilha, fechar-se em sua “caverna” moderna, sonhar em ganhar mais dinheiro e fazer planos de investimento não garante sucesso ou felicidade. Como já dizia Nietzsche, a verdadeira solução está em investir em bondade.
E o que será do futuro?
É natural pensar que a próxima civilização será mais avançada do que a nossa. Imagino um mundo completamente informatizado, onde a inteligência será artificial. Nesse cenário, talvez as pessoas nem precisem mais pensar ou estudar, pois tudo estará pronto e disponível.
Mas que tipo de mundo seria esse? Um mundo de seres alienados, superficiais, manipulados por máquinas.
Um futuro pueril, talvez perverso, em que a humanidade estará desconectada de si mesma. Será esse o futuro ou o fim da nossa espécie?
Não sei. A arte dos antigos povos, expressa em pinturas nas pedras – às vezes até escavadas –, trouxe-me reflexões.
Talvez tenha sido uma tentativa de compreender minha própria perplexidade diante do que somos e do que seremos.
* Carmelita Chaves é publicitária, escritora e restaurateur
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