Brumadinho à la carte
A chef Carmelita Chaves assina a coluna "Fala, Carmelita", onde através de crônicas, nos apresenta histórias e curiosidades sobre a vida em Brumadinho e região.

Estamos na época de encerrarmos mais uma volta da Terra ao redor do Sol. O que isso significa? Para mim, é uma pausa.
Um momento para comemorar nossas vitórias, esquecer as derrotas e esperar que o mundo de amanhã será melhor do que foi até hoje.
Mas também é um rito de passagem. Uma tradição. É o momento em que todos estão se organizando para as confraternizações.
Começa a procura de lugares para a realização de encontros fraternos. Os restaurantes são sempre os mais procurados, e aqui no município de Brumadinho também não é diferente.
Alguns fazem reservas, outros chegam sem reserva, contando com a sorte, e outros fazem reservas e não comparecem, nem avisando para cancelar.
Os restaurantes à la carte são os que mais sofrem com esse tipo de postura de nosso povo. Muitos de nós ainda enxergam o ato de sair para comer como algo espontâneo, o que funciona bem com fast food e self-service.
Já os restaurantes à la carte, principalmente os mais sofisticados, que atendem clientes que saem não só para comer, mas para considerar esse programa uma experiência, acabam enfrentando problemas.
A falta de hábito de fazer reservas gera dificuldades tanto para os clientes - que enfrentam filas ou frustração por não encontrar mesa - quanto para os restaurantes, que lidam com a imprevisibilidade no fluxo de pessoas.
Há vezes em que fico pensando se não estamos caminhando para o fim deste tipo de restaurante, pois o mundo digital tem deixado as pessoas muito impacientes.
Elas querem tudo na mesma hora e não conseguem esperar pela preparação de seu prato, onde o serviço é mais personalizado e os pratos são preparados na hora.
Vamos sempre dando um jeito para que dê certo, mas tenho fé, mesmo sabendo que a mudança cultural é lenta.
Um dia ela chegará, e, se não chegar, temo que este tipo de serviço gastronômico se torne muito raro - se não deixar de existir.
Parece que estou sendo um pouco negativa, mas vivo isso no meu dia a dia e sei, e temo, pelo fim de uma era - a da alta gastronomia. Tomara que não!
* Carmelita Chaves é publicitária, escritora e restaurateur
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