Brumadinho: um novo dia, um novo ano
A chef Carmelita Chaves assina a coluna "Fala, Carmelita", onde através de crônicas, nos apresenta histórias e curiosidades sobre a vida em Brumadinho e região.

“Que a mais alta expressão da dor consiste essencialmente na alegria.” ( Augusto dos Anjos)
A caminho de casa, em Brumadinho, vindo de um dia muito cheio em Belo Horizonte, na véspera do nascer de um novo ano, eu seguia devagar, pois as curvas da Serra do Rola-Moça não são para amadores.
Nem sei quantos quilômetros já rodei por essa serra em quase 40 anos - às vezes de dia, muitas vezes à noite - e, mesmo assim, sempre com muita cautela.
Em tempos passados, fazíamos um evento para celebrar a mudança do calendário com uma comemoração esotérica.
Começava às 17h, a cerimônia terminava às 20h, e o jantar seguia um cardápio baseado nas tradições mais antigas.
Quando terminávamos, subíamos em comboio para o alto da Serra do Rola-Moça, sentávamos no chão de pedra do mirante e, quando os fogos de toda a grande Belo Horizonte, principalmente os da Pampulha, começavam a iluminar o céu, abríamos nossas espumantes e brindávamos ao nascer de novas esperanças ou às surpresas que nenhum de nós poderia prever. Foram momentos especiais que acabou, passou…
Neste dia em especial, era final de tarde. Quando fiz a curva de onde se começa a apreciar o horizonte, deparei-me com um quadro que nem Monet jamais pintou.
Aquilo era a tela que o próprio Deus criou para nos presentear. Tive que estacionar atrás de uma fila de carros no mirante dos Veadeiros.
Havia várias pessoas olhando. Um grande silêncio dominava os observadores, e esse silêncio entrou dentro de mim, tornando-se a fonte de lágrimas diante da grandiosidade da natureza e da quietude da alma.
Aquele era o mais belo pôr do sol que já havia visto: o último daquele ano, que daria lugar ao nascer de um novo dia, de um novo ano.
Percebi que a alegria e o deslumbramento precisavam de muito pouco: bastava parar e viver o momento. Normalmente pensamos que a alegria só virá depois de algum acontecimento programado para o futuro, mas a alegria não mora lá. Ela está aqui, neste momento.
Daqui a algumas horas, estaremos em grupos, seja com familiares ou amigos, ou com os dois juntos. Estaremos vivendo momentos de encontros, de comemoração, de brindar às novas esperanças.
Tudo com imensa alegria: efêmera, ligeira, mas deliciosa, como uma taça de champanhe, um abraço, um beijo.
Desejo a todos os meus leitores que vivam e comemorem o agora, pois ele nunca mais se repetirá. O próximo ano ninguém pode prometer que trará a sua realização, pois ela está no agora. Como diz Fernando Pessoa: “Dia em que não gozaste não foi teu.”
Festas felizes para você que leu este texto. E lembre-se: sua existência só tem sentido se fores alegre.
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* Carmelita Chaves é publicitária, escritora e restaurateur
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