Inadimplência cai, mas superendividamento preocupa em Belo Horizonte

As famílias superendividadas, que é quando a renda consome mais de 50% do orçamento mensal, somam 27,9%, do total em março

Abr 14, 2025 - 12:35
Inadimplência cai, mas superendividamento preocupa em Belo Horizonte
O endividamento atinge 90,3% das famílias com renda de até 10 salários mínimos

Apesar da queda na inadimplência, o superendividamento das famílias em Belo Horizonte acende um alerta para a economia local.

É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Em março, o nível de endividamento das famílias belo-horizontinas caiu 0,4 ponto percentual em relação a fevereiro, atingindo 89,0 pontos – a quinta queda mensal consecutiva.

O percentual de consumidores com contas em atraso também diminuiu, caindo 1,3 ponto percentual, para 52,2%.

No entanto, o número de famílias superendividadas, ou seja, com mais de 50% da renda comprometida com dívidas, cresceu 2,6 pontos percentuais, chegando a 27,9% do total.

Impacto no comércio
A economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, alerta para os impactos negativos do alto endividamento no comércio.

"Quando as famílias estão muito endividadas, elas tendem a reduzir seus gastos. O que nos preocupa é quando esse endividamento elevado leva ao aumento da inadimplência, restringindo o acesso ao crédito e retraindo as vendas do comércio", disse.

Perfil do endividamento

  • Renda: O endividamento atinge 90,3% das famílias com renda de até 10 salários mínimos e 81,1% das famílias com renda superior.
  • Cartão de crédito: 93,1% dos consumidores endividados utilizam cartão de crédito, com destaque para as famílias de alta renda (97,9%).
  • Outras dívidas: Famílias de baixa renda acumulam dívidas em cartões de loja (33,4%), enquanto famílias de alta renda se endividam com financiamento de carros (23,8%).

Inadimplência e superendividamento

  • A inadimplência é 9,3% maior entre famílias de baixa renda (53,6%) do que entre famílias de alta renda (44,3%).
  • 51,5% das famílias de baixa renda não conseguirão quitar suas dívidas no próximo mês, contra 38,9% das famílias de alta renda.
  • 52,5% dos consumidores da cidade acumulam dívidas há mais de 90 dias.
  • O tempo médio de comprometimento da renda é de 8,1 meses.

Preocupação com o futuro
Gabriela Martins expressa preocupação com o alto número de pessoas com contas em atraso e sem condições de pagá-las.

"Apesar da retração pelo quarto mês consecutivo, o patamar de famílias com contas em atraso permanece muito alto em Belo Horizonte. Esse percentual representa quase a metade das famílias e gera uma preocupação quanto ao acesso ao crédito e, consequentemente, à disponibilidade para consumir", completa.

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