A Rota Capitão Senra
Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas.

Hoje quem pega carona na minha garupa é um grande amigo e um visionário. Uma dessas pessoas que, por uma inspiração divina, conseguem vislumbrar formas de mudar o rumo da vida de várias pessoas.
Anderson Rocha, nascido e criado em Belo Horizonte, construiu uma trajetória vitoriosa no Convention & Visitors Bureau (CVB), uma entidade privada sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento turístico.
No caso de Belo Horizonte, o CVB busca atrair eventos para a região, promovendo receitas para empreendedores locais - bares, restaurantes, hotéis, buffets, cervejarias e outros que se beneficiam do turismo de negócios.
Essa organização vive uma batalha diária com outros CVBs do Brasil para captar os melhores eventos e, ao mesmo tempo, unir o trade turístico.
Anderson acumulou experiências valiosas, passando pelos Conselhos da Belotur, pela Secretaria Estadual de Cultura (SECULT) e Secretaria Estadual de Turismo (SETUR), pela reativação da Estrada Real, criada em 1717 e resgatada na década de 90 em seus 1.630 km de extensão atravessando três estados brasileiros.
Todo esse conhecimento, aliado ao carinho e admiração pelo fundador do seu moto grupo Águias de Aço, criado em Belo Horizonte no início da década de 1980, pelo saudoso Capitão Senra, inspirou Anderson a idealizar e criar a Rota Capitão Senra.
“Estaremos apresentando Minas Gerais como uma opção para o mototurismo nacional e internacional, implantando uma rota que, no futuro, poderá ser tão importante para o trade turístico de Minas Gerais quanto a Rota 66 é para os Estados Unidos, nos seus 98 anos de existencia", diz Anderson Rocha.
O Desafio de Construir a Rota
Para quem observa de fora, pode parecer simples, mas implantar um projeto como a Rota Capitão Senra é um trabalho hercúleo. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foram três etapas fundamentais:
- Dezembro de 2018: A rodovia AMG-0160, que liga a BR-040 a São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, recebeu o nome de Rodovia Capitão Senra. O projeto de lei foi apresentado pelo então presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV).
- Setembro de 2019: A ideia foi apresentada à Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da ALMG. O plano abrangente previa uma rota turística de Macacos a Brumadinho, passando pelos mirantes da Serra do Rola-Moça e pelo Instituto Inhotim.
- Novembro de 2020: Foi aprovado o requerimento para viabilizar a implantação da sinalização turística na região, fortalecendo o projeto e focando no mototurismo.
Eu particularmente me orgulho muito de ter podido estar presente nessas 3 etapas.
A Importância de Parcerias
No Abóbora, desde a inauguração, dedicamo-nos a atender clientes de duas rodas. Tornar-se o primeiro estabelecimento anfitrião da rota foi um processo natural, mas também uma grande responsabilidade. Assumimos o compromisso de honrar tanto a chancela da Rota quanto o legado da família do Capitão Senra.
Sabemos que ainda existem desafios, como a falta de recursos financeiros, infraestrutura precária, estradas que necessitam de manutenção, e principalmente sinalização e a necessidade de maior divulgação da rota.
Dentro de nossas possibilidades, temos ajudado promovendo eventos, reunindo moto grupos, produzindo matérias e depoimentos espontâneos de mototuristas. A ideia é fomentar a Rota o tempo todo, tornando-a uma referência para motociclistas de todo o país
A Conexão com o Turismo Local
Em Brumadinho, observamos um fenômeno interessante. No início, os turistas atraídos pelo Inhotim ficavam dois dias na cidade.
Com o amadurecimento do instituto, essa permanência aumentou para quatro dias em média. Em 2024, o Inhotim bateu o recorde dos últimos sete anos, recebendo 335 mil visitantes - quase 7 mil por semana.
A Rota Capitão Senra, aliada ao projeto de reparação do município, o Céu de Montanhas, ampliou ainda mais o apelo turístico de Brumadinho, oferecendo experiências que podem reter turistas por até 15 dias.
A ideia é atrair tanto motociclistas quanto suas famílias, permitindo que todos desfrutem da riqueza cultural e das belezas naturais da região.
Reflexão Final
Anderson Rocha é um exemplo de resiliência e dedicação ao turismo em Minas Gerais. Projetos como a Rota Capitão Senra dependem de colaboração e do engajamento de todos - desde empreendedores locais até os próprios motociclistas.
Que em 2025 possamos ver essa iniciativa crescer ainda mais, seja com a aquisição de produtos da Rota ou com a união dos envolvidos para transformar Minas Gerais em um destino de mototurismo reconhecido mundialmente. Sucesso, meu amigo Anderson!
* Tunico Caldeira é publicitário, gestor cultural, professor e artista plástico
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