Marco Zero da Rota Capitão Senra-Inhotim          

Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas

Jan 17, 2025 - 10:39
Marco Zero da Rota Capitão Senra-Inhotim          

Hoje vamos conhecer um pouco mais sobre o Marco Zero da Rota Capitão Senra, o Instituto Inhotim. Na próxima semana, iremos explorar também o outro Marco Zero da Rota, Macacos.

Idealizado desde a década de 1980 pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz, em uma região onde impera o minério de ferro, de uma fazenda da região nasceu, em 2006, um dos maiores museus a céu aberto do mundo.

Para o mineiro, "Inho" significa Senhor; “Tim” era como era conhecido o antigo dono da enorme fazenda onde foi edificado o Instituto. Assim, a fazenda do “Inho Tim” se tornou o nome que eternizaria o legado de Bernardo Paz.

Em uma de suas inúmeras palestras, o próprio Bernardo revelou: “Quero ser lembrado na história, assim como os Faraós, pelo legado que deixarei: a riqueza cultural do Inhotim, não como o minerador que consumiu montanhas e poluiu rios”. Quem dera tívessemos mais empresários como ele.

O Marco Zero da Rota Capitão Senra estar na entrada do Inhotim é uma dádiva. Iniciar um percurso de fomento ao moto turismo em um dos maiores indutores turísticos do Estado, com apenas 19 anos, rivaliza com Ouro Preto, cidade de mais de 300 anos de história.

Esse feito foi forjado com muito trabalho, dedicação e colaboração entre mentes brilhantes e muitas mãos. Os encontros incessantes e prazerosos entre Bernardo Paz e Burle Marx, em devaneios, planejavam os 23 hectares que compõem o maravilhoso acervo paisagístico do Instituto, que no total ocupa mais de 140 hectares, além de uma extensão de 250 hectares de Reserva Particular de Patrimônio Natural Inhotim (RPPN).

O Instituto está inserido em uma região de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, dois dos biomas mais ricos em biodiversidade e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do planeta. Sabendo disso, Bernardo Paz criou em Brumadinho algo inédito e de Primeiro Mundo, que atrai turistas de todas as partes do planeta.

O Jardim Pictórico, que ocupa uma área de 8.900m², remonta ao início da história do Inhotim. Ele é o mais antigo e data da década de 1980. Esse jardim apresenta a singularidade do Instituto: o encontro entre arte e natureza.

Em meio a caminhos tortuosos, revelam-se obras externas de artistas como Cildo Meireles e Olafur Eliasson, além do paisagismo criado e assinado por Pedro Nehring. Suas cores vibrantes, formas diversas, sombras e feixes de luz filtrada compõem uma verdadeira obra de arte natural.

Desde 2010, o Instituto Inhotim é reconhecido como jardim botânico, título atribuído pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos (CNJB).

Ele é afiliado à maior rede internacional de jardins botânicos, a BGCI (Botanic Gardens Conservation International), e à RBJB (Rede Brasileira de Jardins Botânicos), a maior rede nacional de jardins e instituições congêneres. Em 2024, Inhotim tornou-se o primeiro jardim botânico no Brasil a receber o selo de jardim botânico certificado pelo BGCI.

Este selo valida que o Instituto atua em conformidade com os mais elevados padrões internacionais para jardins botânicos, distinguindo-o de outros tipos de jardins e reconhecendo sua contribuição para a conservação da flora.

Desde 2023, Inhotim também é sede da Sociedade Brasileira de Palmeiras, um grupo de pesquisadores, colecionadores, produtores e paisagistas dedicados ao estudo dessa importante família da flora tropical.

Uma crônica é insuficiente para capturar toda a magnitude do Inhotim. Não chegamos nem a mencionar seu papel como o maior museu a céu aberto do mundo e a vasta coleção de obras de arte que habitam o Instituto.

Durante meus 15 anos como professor na UNA, tive a oportunidade de levar, semestralmente, diversas turmas de alunos para explorar os temas que eu lecionava: produção audiovisual com ênfase no áudio (o Inhotim possui artes sonoras), gestão de marcas, marketing cultural e marketing social.

As visitas que eu guiava eram enriquecedoras tanto para mim quanto para os alunos. Enquanto a maioria das turmas seguia em ônibus fretado pela UNA, eu conduzia um comboio de alunos motociclistas.

Essa aventura, que também era uma aula, gerava euforia tanto entre os estudantes quanto entre os motoristas dos ônibus.

Sou uma pessoa privilegiada: pude vivenciar o Inhotim de inúmeras formas e compartilhar essa experiência com tantas pessoas, promovendo aprendizado, turismo e a valorização do que temos de mais extraordinário em Minas Gerais.

* Tunico Caldeira é publicitário, gestor cultural, professor e artista plástico

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