Garupa de Sexta-feira Santa
Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas

Hoje, quem vai na minha garupa é o Dr. Tiago Stanley. Não é um velho amigo de infância, desses que a gente empina pipa e troca figurinhas.
Mas é alguém que, em pouco tempo, se fez presente de um jeito intenso, raro, quase familiar. Foi ele quem me chamou para dividir com ele a travessia de uma campanha política, me convidando para ser seu vice na corrida pela prefeitura de Brumadinho.
Mas não é disso que quero falar. Isso já ficou para trás, nas páginas da história. O que ficou mesmo foi o Tiago - o homem, o pai, o filho, o irmão.
Durante aquele período corrido, nervoso e cheio de expectativas, vivi o privilégio de conviver com sua família.
A esposa, grávida. Os filhos pequenos, cheios de perguntas e sorrisos. A irmã, o cunhado, os pais. Um núcleo familiar que me acolheu com simplicidade e naturalidade, como se eu sempre tivesse feito parte daquilo. E foi ali, na intimidade dos dias, que eu reconheci o meu próprio passado.
Era como se eu estivesse vendo a minha infância, meus pais, meus princípios, refletidos no modo como aquela casa se movia. A prece antes da refeição.
O silêncio respeitoso diante do que é sagrado. A reverência à hierarquia, não como imposição, mas como afeto em forma de cuidado.
Tiago é médico ortopedista, especialista em traumatologia. Mas também é estudante de Teologia. Um homem moderno, conectado, cheio de compromissos e energia, mas com os pés firmes em um solo antigo - aquele da fé, da moral e da ética que moldaram a geração dos nossos pais, e a minha.
E mais bonito ainda é ver como ele tenta, com toda a delicadeza, levar esse solo firme para os pés dos seus filhos.
O que me encantou foi ver como a religiosidade não é um adereço em sua rotina - é fundamento. Está no café da manhã, nas despedidas antes da escola, nas orações antes do sono.
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Está também no jeito como ele ouve, como olha, como se doa. Não é só fé, é prática. E é raro ver isso hoje. Talvez por isso, nesta Sexta-feira Santa, eu tenha sentido vontade de escrever sobre ele.
Porque é confortante saber que ainda existem famílias que mantêm viva a chama do sacrifício de Cristo, não apenas nas palavras, mas no dia a dia. Que ensinam seus filhos a agradecer, a respeitar, a confiar.
Tiago também produziu vídeos tocantes, onde usa sua formação médica para explicar o sofrimento físico e psicológico de Jesus durante o Calvário.
É uma reflexão poderosa, que nos ajuda a entender - com o corpo e com a alma - a dimensão do que foi aquele gesto de amor.
Hoje, ao escrever esta crônica, percebo que essa convivência com o Tiago e sua família foi mais do que um episódio político. Foi um presente.
Um lembrete de que nem tudo está perdido. De que ainda há gente plantando valores, cuidando da fé como quem cuida de um jardim - com constância, com esperança, com amor.
E é por isso que, nesta Sexta-feira Santa, a garupa da minha moto carrega mais do que um amigo. Carrega um sinal de que, apesar de tudo, ainda há futuro.
Assista aos vídeos no Instagram, “Jesus, o que fizemos com ele”: @tiagostanleymd
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