Para ir de moto, de carro ou de bicicleta. Mas vá
Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas.

Quando você começa a andar de moto, uma das primeiras metas é descobrir onde a sua tribo costuma se encontrar.
Para os leigos (ou não motociclistas), "tribo" significa as pessoas que compartilham a mesma paixão, seja por motos da mesma marca ou por motos com características parecidas.
Para simplificar, podemos dividir essas tribos em quatro grandes grupos: Trilha (terra pura), Velocidade (insanidade na rota), Big Trail (aventura em qualquer terreno) e Estradeira (asfalto puro).
Colocar essa divisão e a vantagem de cada estilo em uma mesa de bar já é suficiente para horas de discussões.
O segundo elemento que te identifica é o estilo: roupa, barba, cabelo, acessórios e tatuagens. E, por último, vem o estilo do passeio: curto, longo, solo ou em grupo.
Quando tudo isso está definido, encontrar novos amigos no mundo motociclístico se torna natural. Eu fui da Trilha para a Estradeira, passei pela Street por 15 anos, quando nossa filha nasceu.
A Street não conta, pois não é de aventura, é para te levar ao trabalho, ou ser o seu trabalho.
Começando pelas Concessionárias
As concessionárias criam atalhos para esses relacionamentos. Com dois ou três passeios, pessoas que você acabou de conhecer já viram amigos de infância - aconteceu comigo várias vezes, rs. Minha jornada começou assim: nos cafés da manhã da Harley, aos sábados. O café era só uma desculpa. O foco não era comer ou beber, mas sim conversar, conhecer gente nova e rir bastante. A diversão começa ali.
Com o tempo, esses encontros passam a ter ainda mais significado. São nesses momentos que você planeja passeios, viagens e pequenos rolês. As amizades vão se intensificando, e os laços criados são profundos.
Cumplicidade na Estrada
Encontrar um amigo depois de anos sem vê-lo - mesmo que você tenha o visto por apenas algumas semanas ou meses - traz aquela sensação de cumplicidade.
Quem compartilha quilômetros de estrada, com todos os prazeres e dificuldades, sol e chuva, cria uma conexão quase como a de um casamento. É um relacionamento em que ninguém "come ninguém", mas a cumplicidade é gigante.
No meu caso, ter um restaurante temático de motociclismo facilita. Amigos aparecem para me visitar, e essas visitas reavivam memórias, carinho e respeito mútuo.
Curiosamente, muitas vezes não sabemos nada da vida profissional e pessoal do outro: não conhecemos família, filhos, esposas ou maridos, mas conhecemos a sua moto e os seus amigos. E, nesse universo, isso é o que importa.
Descobertas e Conexões
Um dos amigos que fiz dessa forma foi o Yuri. Conheci-o em cafés da manhã da Harley e em vários passeios. Ele começou a frequentar o Abóbora, primeiro sozinho e depois com grupos.
Um dia, veio com a esposa, e para minha surpresa, eu já a conhecia das reuniões de fomento ao turismo de Brumadinho. Essas coincidências mostram como as energias se alinham e objetivos comuns nos conectam.
Ateliê Nãnart: Um Destino Inspirador
Yuri e Nana são empreendedores em Brumadinho, na região de Palhano, na encosta da Serra da Moeda.
Eu sei muito bem as dificuldades que todos nós passamos no município e no país para empreender. Eles comandam o Ateliê Nãnart, que há 21 anos transforma argila em peças autorais, criativas e feitas com muito amor.
O ateliê tem uma loja linda, espaço para cursos de cerâmica e, mais recentemente, um café da manhã incrível nos finais de semana. Um lugar inspirador.
Talvez inspirado pelos cafés motociclísticos, Yuri trouxe para o seu negócio o acolhimento que todo motociclista busca, seja em grupo ou em um passeio a dois - ou a três, pois muitos motociclistas colocam sua moto em primeiro lugar.
Como Chegar ao Ateliê Nãnart
Saindo de Belo Horizonte, há três rotas:
1. Via Rola Moça: Passe por Piedade do Paraopeba e siga para Palhano (Residencial Boa Vista).
2. Via BR-040 (Trevo de Ouro Preto): Após o trevo, siga 1 km e entre à direita para Piedade do Paraopeba, seguindo as placas para Palhano.
3. Via BR-040 (Retiro do Chalé): Após o trevo de Ouro Preto, siga 2km em direção ao Topo do Mundo, Retiro do Chalé e Palhano.
Cada rota oferece paisagens únicas e graus de dificuldade variados. E o melhor: você pode variar o caminho em cada visita, aproveitando tanto a estrada quanto o destino. Então, pegue sua moto, carro ou bicicleta, mas vá.
• Conheça o Ateliê Nãnart no Instagram.
* Tunico Caldeira é publicitário, gestor cultural, professor e artista plástico
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