25 de janeiro – Ressignificação
Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas.

O que é estar na Garupa do Tunico
Subir na garupa de uma motocicleta Harley Davidson e pegar uma linda estrada é uma experiência única e revigorante.
A sensação de liberdade é palpável: o vento no rosto, o ronco característico do motor e a paisagem passando rapidamente criam uma conexão intensa com a viagem.
A Harley em si traz um sentimento de tradição e estilo; cada curva na estrada pode parecer uma nova aventura.
É um momento para se desconectar do cotidiano, sentir a adrenalina e apreciar a beleza do caminho, seja em um percurso pela montanha, à beira-mar ou em estradas rurais.
Além disso, é uma ótima oportunidade para compartilhar essa experiência com a pessoa que está ao seu lado, criando memórias que durarão para sempre.
Conduzir uma motocicleta com um passageiro pode proporcionar uma experiência única e emocionante. Para muitos motociclistas, levar alguém consigo intensifica a sensação de liberdade e aventura.
Aqui estão algumas sensações e considerações que podem surgir ao conduzir alguém na sua garupa, e um dos critérios é selecionar bem quem terá a preferência ou a exclusividade da sua garupa:
- Companhia: Ter alguém ao lado pode tornar a experiência mais social e divertida. Compartilhar o passeio e as paisagens pode fortalecer os laços entre o piloto e a sua garupa.
- Responsabilidade: O motociclista sente uma responsabilidade extra por garantir a segurança e o conforto do passageiro, o que pode aumentar a atenção e o cuidado ao pilotar.
- Ajuste de pilotagem: É necessário ajustar a forma de pilotar, considerando o peso adicional e as dinâmicas diferentes que um passageiro traz. Isso pode exigir mais técnica e controle.
- Sensação de conexão: Muitos motociclistas relatam uma maior conexão física e emocional com o passageiro, já que a experiência de andar de moto é intensa e íntima.
- Desfrutar da paisagem juntos: Poder compartilhar o prazer de uma estrada bonita ou um novo destino proporciona uma nova dimensão à experiência de pilotar.
-Aprendizado: Conduzir com um passageiro pode ensinar tanto ao motociclista quanto ao passageiro sobre a dinâmica da pilotagem e a importância da sintonia entre os dois durante o percurso.
Em resumo, levar alguém consigo em uma motocicleta pode enriquecer a experiência de pilotar, mas também exige maior atenção e cuidados adicionais para garantir que ambos aproveitem o passeio com segurança.
Esta reflexão é importante, pois ao convidá-lo a subir na minha garupa, assim como em algumas ocasiões eu levo alguém na minha garupa para que você conheça e valorize, o esforço que este convidado fez em prol de outros.
A disponibilidade para o outro está cada vez mais tênue; sair da individualidade e se doar, sem interesses ou vaidades, está se tornando um gesto raro.
Trazer você na minha garupa é poder levá-lo a lugares que já conheci e vivenciei, tentando fazer com que você sinta e desfrute das sensações, prazeres e vivências únicas que nossa imaginação e a sintonia gerada pela nossa conexão permitirão: o cheiro de mato, o aroma de um café, o frio ou a chuva batendo no rosto com o capacete aberto.
A data de hoje tem um significado muito importante. Assim como em uma trajetória na estrada, onde valorizamos cada quilômetro, na vida também valorizamos as experiências.
Passamos por trechos que trazem boas e más lembranças, e elas sempre estarão lá. A forma como lidamos com elas faz toda a diferença. O dia 25 de janeiro, nesta viagem, representa muita dor, tristeza, aprendizado, mudanças e ressignificação.
Precisamos reconhecer a importância dessa data para os envolvidos que ficaram, para aqueles cujas ações causaram essa tragédia e que precisam modificar sua conduta para que isso não se repita, e principalmente para aqueles que se foram.
Hoje, eu peço a você que está na minha garupa que tire um momento, após a leitura deste texto, para meditar, rezar ou dedicar suas melhores vibrações e energia às 272 pessoas que perderam suas vidas preciosas.
Elas nos deixaram um legado que exige nossa reflexão sobre a relação entre o processo minerário e as comunidades ao seu redor; um preço alto pago pela irresponsabilidade, descaso e negligência.
Que possamos soterrar este assunto e não precisarmos mais no futuro. Nestes 6 anos construímos juntos uma nova Brumadinho, mais forte, com mais esperança e resiliência, ressignificando sua vocação diversificada e acolhedora para o turismo.
* Tunico Caldeira é publicitário, gestor cultural, professor e artista plástico
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