Ordem do Dia 03/02/25

A iniciativa de Trump, ao anunciar a majoração das tarifas sobre produtos importados, tem dado o que falar. Sobretudo, causado perplexidade.

O movimento, por si só, aumenta o preço de diversos produtos nos EUA, impactando a inflação. Problematiza cadeias produtivas,  gerando contrapartidas em medida semelhante. Qual seja: reciprocidade tarifária.

Veremos produtos importados dos EUA, ou que dependem de insumos produzidos nesse país, com seus preços aumentados. Mais inflação e maior dificuldade nas cadeias produtivas globais.

Haverá um movimento de "substituição de importações", fenômeno que historicamente ocorreu em períodos de conflitos armados globais. Mas sem guerra.

Certamente, promovendo o isolamento dos mercados. A próxima pergunta será respondida pelo tempo: em que medida?

O comércio sempre foi indutor de relacionamentos internacionais. Medidas anti-comércio têm efeito contrário. 

Um dirigente do Banco Central europeu, diante das ameaças de Trump, mencionou alternativas: uma delas, seria o Mercosul. Esse mesmo que Milei esteve esnobando.

A situação do Brasil, diante dessas bravatas, não seria das piores. Há alternativas para o comércio internacional brasileiro. Ainda que as possibilidades de prejuízos sejam reais.

Há um risco evidente nesse comportamento de Trump: a banalização das ameaças. A velha história do menino que gritava "lobo" só para assustar a  aldeia.

Acabaram  se cansando dos alarmes falsos. Um belo dia, o lobo apareceu na aldeia, o menino gritou, ninguém acreditou e o lobo se fartou. 

A falta de confiança poderá problematizar toda a aliança ocidental. Com um agravante: lobos não faltam.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com